quinta-feira, 26 de março de 2009

Filme. Cinema ou televisão?

O novo filme de Laurent Cantet - vencedor da palma de ouro em Cannes - é um sucesso entre os críticos. Uns dizem que está entre os filmes mais importantes da década, um filme obrigatório! Porquê? Eles enunciam os motivos: "1) representar fielmente a realidade do multiculturalismo francês, com uma classe feita de filhos de imigrantes de diversas partes do mundo, como se ela fosse um microcosmo da sociedade local, ou uma versão escolar da seleção de futebol; 2) fazer com que um material ficcional se assemelhe – e seja assimilado – como um documentário."
O que Laurent Cantet propõe enquanto homem que exerce um ofício? Intimidade com os personagens, interpretação naturalista de atores, direção invisível, tema nacional atual (que provavelmente vem do livro) para discutir?
Não fico triste com o projeto sociológico de Cantet, só acho que ele escolheu o caminho errado. A televisão (a mini-série por exemplo) seria, sem dúvida, o melhor meio de expressão para o seu projeto, não só por questões ontológicas, mas também teleológicas. O filme chegaria na casa dos professores e alunos, pais e filhos, elite e povo, e a discussão seria mais bem aproveitada. A Televisão - que Orson via como um rádio com imagens - poderia ser mais bem aproveitada com filmes como "Entre les murs". O Cinema - enquanto linguagem audio-visual - também.
O que me deixa triste são os críticos.

Aqui embaixo uma imagem de Hotel Monterey de Chantal Akerman. Proponho como pedagogia que, entre os muros da escola, exiba tais tipos de filme no primário. As crianças, seres ingênuos incapazes de absorver temas nobres e inteligentes, poderiam entrar em contato com o mero cinema, apenas. Assim, depois de amadurecidas, poderiam perder a inocência com discussões mais sérias, conscientes no entanto de onde vem a magia ou - na linguagem adulta - de onde vem a essência.


Mateus Moura.