domingo, 8 de novembro de 2009

Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans



Nicholas Cage encarna o personagem herzogiano por excelência: o que atinge extremos. A competência e a virilidade dessa encarnação é tamanha que acreditamos ter ressuscitado em Klaus Kinski, misturado com o Jimmy Stewart dos faroestes de Mann, e o próprio Cage em sua aventura lynchiana.
O ritmo também é frenético! Um homem que se afunda em drogas; dos répteis aos peixes, seu lugar é a bestialidade, o contato irracional com o mundo, o contato primeiro; Herzog e seu personagem são apenas uma coisa: a besta humana – e se orgulham por isso.
O local que o cineasta escolhe para filmar é o negativo de seu personagem. New Orleans, devastada pelo furacão Katrina, é algo que obviamente vai chamar a atenção de Herzog. Seu interesse sempre foi pela natureza, pela destruição, pela loucura, pelo inexplicável, pela alucinante realidade. Seu mundo ficcional sempre encontrou na geografia do mundo real seu positivo.
O plano-sequência de Cage esperando fora da boite para apreender drogas até o seu fim é de uma força e um realismo violento que a televisão até hoje não consegue chegar.
Filme tomado pela coca, como fora o Scarface de De Palma e o Desespero de Veronika Vozz de Fasbinder, o de Herzog parece conjugar justamente onde esses nervos (alemães e americanos) se tocam, e como produzem faíscas.

Mateus Moura.

p.s1: este texto foi postado no link: http://guia.folha.com.br/cinema/ult10044u647604.shtml
p.s2: este texto e o resto da cobertura que eu fiz da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo serão publicados na revista eletrônica Gotaz (http://gotaz.com.br/). Em breve...

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