domingo, 26 de dezembro de 2010

What makes a mann to wander?

Michael is the fucking Mann! (Cauby Monteiro)
É fato que escrevo quando o fato quer se escrever. Interno ou externo, é o fato, que em mim transcriado, transborda e materializa-se quando, ao acaso, decide-se.
Sobre paixões.
Porque tava louco pra dizer esses dias há tempos: "Chega de cinema americano!". Tava mesmo voltado pro cinema brasileiro asiático francês italiano, distante do tio Sam.
Aí vieram 3 velhos camaradas - Lynch, Ferrara e Mann - e simplesmente explodiram com tudo.
Aí eu vi Thief do Mann e gritei: "Viva o cinema americano!", com lágrimas nos olhos vendo o James Caan detonando o mundo e seguindo solitário no horizonte. De novo. Sempre.
Vi a paixão desse fucking Mann por regiscriar a noite com seus neons e faróis, o gueto com seus marginais, os carros com seus reflexos, as armas e seus estrondos, as músicas e sua potência emocional. Senti todo o interesse que esse puta sensível tem pelos foras-da-lei, todo o drama de não poder se relacionar de forma plena, toda a responsabilidade de ser livre. Vibrei com cada ângulo, cada travelling, cada zoom, cada silêncio inesperado, cada slow sangue jorrando na calçada.
Quanta liberdade, quanta História, quanta Mitologia, quanto Vigor criativo, quanto Rigor técnico!
Lembrei que existia Michael Mann, e de quanto era imensa a sua paixão pelas coisas, objetos e sentimentos. Lembrei que existia o cinema, o cinema americano, e de como o thriller pode realmente nos causar emoções verdadeiras. Lembrei que existiam poetas cinematográficos, e que nenhum poeta - use ele a ferramenta que usar - vai tratar de pequenos temas, simplesmente porque tema nenhum é pequeno; lembrei que a obra de arte não trata de nada, pois ela quem adoeceu. Lembrei que existem filmes, e existe Cinema. Lembrei do Gombrich: de que não existe a Arte, mas artistas... e conclui que não existem gêneros, mas obras. Lembrei que é dos EUA que vem o cinema mais experimental do mundo - lembrei de Andy Warhol, Michael Snow, Maya Deren. Lembrei que o Monument Valley era apenas um lar físico de poucos, e que hoje é um lar espiritual de muitos.

Lembrei o quanto o homem pode ser fascinante quando dirige o seu olhar apaixonado, e cria. Agradeço a Michael Mann, os insights. E ao homem-mito que parte rumo ao horizonte - ride away...

Mateos.

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