segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Um texto como sinto a forma de Totoro

A arte (da animação) de Haio Miyazaki é a prova universal irrefutável de que o espírito é mais essencial que o corpo, de que a beleza numa figura animal (motor + instinto / inclui-se o humano) provém principalmente de seu movimento (Graça) e de que a criação é o caminho mais óbvio ao primeiro.

Criar o novo é um pleonasmo retórico que Haio Myiazaki serenamente desdenha, o Animador reconhece que a eternidade se encontra precisamente quando se cria o antigo. Não obstante, do incidente da personalidade, naturalmente refratam-se formas únicas. Nelas há, ordinariamente, a expressão. Essa expressão, para este artista, é o resultado de uma brincadeira que ele pinta com acuidade perfeccionista. No seu embornal de cores todo o espectro cósmico ulterior: Vontade, Amor, Necessidade, Liberdade, Sonho, Inteligência, Justiça, Cultura, Natureza... ele parece ser um dos poucos que realmente enxergam/traduzem fagulhas do Mundo (a totalidade das coisas). Suas obras parecem sempre conduzir-nos, como num sonho alquímico, a esse incêndio chamado Imaginação.

A poesia, ou a construção-livre, se dá sem dúvida não no âmbito do completo ineditismo. Fabricar esse algo é simplesmente estabelecer novas relações a partir do existente. Essa relação entre Ponyo e Sosuke, por exemplo, não existe; ela é. Compreendemo-la porque somos humanos, e não porque assistimos à vida tão-somente. Poderíamos chamar de Amor, outros de Amizade, outros ainda de Paixão... são nomes... Passion, Friendship, Amore... admiramos um único fenômeno, rizomático por excelência.

E dessa forma Miyazaki vai revelando formas, traçando o universo...

Mateos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário