“Sou um cara de fala atropelada
quando tomo bolas
como não as tomo
quando tomo bolas
como não as tomo
Sou um cara de feições caladas”
(Ventre Livre -Fellini)
Primeiro post foi assim:
“segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009
Alo alo
Sobre cinema, blog pessoal, liberdade de falar
disponibilidade de ouvir, publicação informal, simples e sério, contradição,
eu.
Mateus Moura.”
Mateus Moura.”
Desde cedo o falar sobre cinema me interessou sob a forma de
abordagem mais próxima do ensaio... “cinemateusmoura.blogspot.com.br”... junção
em um do meu nome social ao cinema, era, profissionalmente, o caminho que tinha
escolhido trilhar, o máscara que, na ágora, tinha elencado vestir. Ainda é
assim? Ainda é por isso que o tal do espírito se coça, ou que o tal do ego se apresenta?
“Si né” mateus moura, talvez fosse mais honesto. “Si” sendo
esse olhar-espelho pro fundo é terno. “Né”, um empréstimo do francês: o né, que em
português se grafa “nascido”. “Mateus Moura” a grafia-assinatura da máscara
social, e que já se encontra até anacrônica, já que assino “Mateos” aqui, desde
http://cinemateusmoura.blogspot.com.br/2010/10/das-nuvens-etereas.html.
Enfim, é inevitável, pelo menos na minha parca experiência,
que o fluxo atravessa todas as correntes da coerência. É inevitável que a
unidade daquilo que flerta com o irracional, seja, no mínimo, de formato
geométrico mais curvilíneo que um quadrado. “Se, né Mateus Moura?”.
Se.
Se reconheço, de dentro olhando como de fora, que já não sou
mais o mesmo, nem nunca quis um futuro onde fosse o mesmo, é preciso, ainda com
um esforço da razão (a mais misteriosa das ferramentas), esse exercício da escrita
(que conjuga trampolim e fotografia, o salto e o congelamento).
Nesse meio tempo, de uns anos pra cá, o espírito arrumou
sarna no teatro, na música, na religião, na comunicação, na performance, na
permacultura, na literatura. Todas essas experiências alimentaram o que penso
sobre o mundo e as imagens. E se escrevo muito menos sobre cinema hoje é
porque estou ocupado a pensá-lo dentro de sua própria linguagem. E fora. Que
sempre estou a Olhar todas essas áreas, e a construir imagens, e a decupar pensamentos,
e a engendrar encenações e em me admirar com o registro e seu poder de
transfiguração. Em todos esses outros campos e linguagens sou, indelevelmente,
um bicho que foi picado pelo cinema. E, não obstante, sou aquele que vai
trabalhando a linguagem audiovisual diariamente e que é influenciado por todas
essas outras experiências.
Sim, ainda é o Cinema a Grande Sarna, e eu um vira-lata
mazoquista a mordiscar meu próprio couro... cinemateusmoura ainda faz sentido,
mas esse blog não é mais apenas sobre cinema (há algum tempo), mas sobre esse olho que carrega o cinema como cicatriz, assim como o
nome.
Mas, relaxa, que toda essa galhofada morfológica não é nada
não, é pura punheta intelectual, com infantis fins de gozo ontológico. Exercício
de puro engodo. Mera digressão simbólica. Não muda nada. apenas registro
dessa volta no círculo do vazio.
É que cada dia mais me interessam esses dois fenômenos: o
registro e o nada.
“Gosto de bicho
Gosto de gente
Quando estou contente
Quando estou contente, sou um bicho de olho reluzente”
(Ventre Livre -Fellini)
Mateos.
Mate-os e renasça.
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