segunda-feira, 2 de setembro de 2013

As caras velas que sopram as veladas velas

"Terreiro de Iyá" é mais uma prova de que o cinema - principalmente os do filão que se rotula "documentário" - está caduco; que pouco importa para 'a busca da verdade' se o filme é um "curta-metragem", um "média-metragem" ou um "longa-metragem"; que as câmeras e a vontade de registrar (olhar sobre a realidade imaginada ou olhar imaginário sobre a realidade) estão nas mãos da Familia.
Não se preocupem compositores malditos, pajés centenárias esquecidas, vosso canto não será mais negligenciado por uma classe que detém o poder de manipular o tal do cinema enquanto os mesmos choramingam verba estrangeira, assim como vossos rituais não serão mais formatados num pacote audiovisual institucional, assim como os tesouros históricos de vossos relatos não serão mais arquivados nas prateleiras mofadas do ostracismo cultural. Agora existe uma geração que, pelo próprio impulso de suas almas inquietas, pode escutar o chamado para recontar essas tantas histórias, ainda tão mal-contadas.
O que é o tempo quando o batuque começa?
Qual a responsabilidade diante do último brilho de um corpo que detém toda a sabedoria do esoterismo amazônico?
É por enfrentar esses dois dilemas-complexos, do cinema & e da vida, que este filme tem toda a minha admiração. E, como sei que estes são apenas os primeiros suspiros de uma estrada que promete mergulhos cada vez mais profundos, vida longa aos seus realizadores... AXÉ!

De Natal, ao avistar essa estrela de Belém, escrevo este postal.

MATOU O CINEMA E FOI A FAMILIA!

Aqui o link do filme:
Terreiro de Iyá

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