domingo, 9 de agosto de 2009

Diário sobre Inimigos públicos (09/08)

Revendo o filme percebi melhor a incrível trilha sonora, que já tinha percebido pela qualidade das músicas antes, mas que agora vejo a relação tão intrínseca ao filme, como se o som das metralhadoras e rifles nos revelassem a violência do que estamos vendo e as canções os sentimentos que estão acontecendo. O digital é o filme! A película faria um filme de época, daríamos uma volta no museu e assistiríamos como se comportavam as pessoas daqueles tempos. O digital deixa tudo mais cru, mais direto, parece que vivemos o momento, é como se a película fosse mais perto da “arte”, e o digital mais perto da “realidade”. A câmera na mão idem. Parece que estamos presentes em 33, a chegada do avião de Dillinger em Indiana, as câmeras que gravam e que acompanhamos dão mais força a essa busca de realismo. Mann porém lida com um mito, e sabe disso; apenas conta uma estória, e sabe disso. A mesma estória que os filmes de gangster da década de 30 contavam. E o filme conta a estória, grandiosamente cinematograficamente, emocionante, cenas de ação numa telona, finalmente Cinema no cinema! (Quanto tempo fazia?) O filme é simples mas cheio de mistérios, cheio de cenas maravilhosas em seus detalhes, em suas excentricidades, em suas singularidades. Só penso nelas: Uma delas é Purvis carregando Frechette nos braços. Dillinger adentrando o escritório policial, como se já fosse um mito. Penúltima e última seqüências... Que belas, quantas coisas dizem, quantos mistérios! Dillinger vai ao cinema, lá se vê, lembra do amor de sua vida, se emociona, durante mais de 1 hora vive o mundo dos sonhos, com o cinema aprende a aceitar melhor a morte. Winstead, espécie de personagem-destino, Texas ranger que entra no filme e sabe todos os passos que Dillinger vai dar, o mata na saída, porque Purvis é impedido por alguma força e “fat boy” impedido por seu medo e culpa após o olhar fuzilador de Dillinger. A morte de Dillinger é o elogio da era digital. A cena final de repente nos entrega Marion Cotillard bela de um jeito que esperávamos desde o início, a iluminação azula ainda mais as petecas dos interlocutores no campo contracampo. O homem misterioso que soube os passos de Dillinger, o matou e ouviu suas últimas palavras, vem transmiti-las: “Bye bye, blackbird”, os olhos se enchem de lágrimas e ela nunca foi tão linda. O filme poderia terminar nesse close, mas o contracampo é o homem-destino, que fecha a porta.

Mateus Moura.

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