quinta-feira, 28 de abril de 2011

Berlém

Foi um dia desses que eu assisti pela primeira vez a obra-prima do Walter Ruttmann, Berlim - Sinfonia de uma metrópole.Cada vídeo-postal que eu e-recebo do Ícaro Gaya lá da Alemanha sinto, pelo lado emocional, a saudade de um grande companheiro, e pelo lado estético, um prazer inenarrável.
Recentemente, juntos, vivemos esta dimensão suspensa pela eternidade detonada pelo REC, e, nestes momentos, acredito, foi quando dialogamos da forma mais pura e sincera.
Vendo o filme do Ruttmann só lembrava do Gaya. De Berlim.
O Ruttmann faz uma sinfonia, uma sinfonia grandiloquente e exasperada de uma metrópole em ritmo industrial. O Gaya é um estrangeiro, e um poeta que descobriu cedo a dimensão do corpo. E recentemente a do quadro. Expressivo ao extremo, como o Ruttman, ele compõe uma série de sequências, que encerram temas (etéreos que sejam). Diferente do velho, o novo, porém, suspende um plano, habita-o, com corpo e/ou sombra, com olho e/ou olhar. Diferente do antigo, este não deseja, através da montagem, o ritmo frenético - este não compõe uma sinfonia; este mais cantarola elegias, apreende estruturas nas formas, comunga com luzes nos crepúsculos, se delicia foneticamente com fragâncias de sons exóticos, dialoga em monólogo com as pedras, trens, parques e túmulos.
"Enfrentamento criativo", aqui (lá) cálido, tenro, cotidiano, grandioso.
Vendo os filmes do Gaya só lembrava de Belém.

http://www.youtube.com/user/3luavermelha

Mateos.

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