
Acompanhamos – como em Dom Casmurro – a história sob o ponto de vista dele. No livro, entretanto, ele nos conta o passado, que ele tanto rememorou e analisou. Aqui, no filme de Chabrol, roteiro de Clouzot, acompanhamos o presente, a ação; a emoção em ação presente.
Em poucos filmes senti tão fisicamente a dor de um sentimento como neste? Nem Touro indomável de Martin Scorsese, nem Otelo de Orson Welles, nem De olhos bem fechados de Stanley Kubrick... nenhum explorou, de forma tão visceral, essa doença natural que chamamos ciúme.
Paranoicamente montado, monstruosa e delicadamente musicado. Quadros que se entortam, olhares dúbios que se encontram, perfumes que se esbarram, gestos que em imagem rasgam a banda sonora, danças misteriosas de corpos...
Afinal, Capitu traiu Bentinho? Nunca saberemos – eis a graça (não a desgraça!). Sabemos o que se passa na cabeça dele – as imagens que ele completa, as atmosferas que ele recria, os fatos que ele supõe
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PONTO DE VISTA, e aí – no caso de Chabrol - enquadramento, mise-en-scène: espaço.

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