sábado, 11 de dezembro de 2010

Epitáfio

“Mateus
Eu fui
Tentei te acorda”

Engraçado como a Michelly deixa mensagens que, só aparentemente, são banais. Transanteontem mesmo ela afirmou de riso cínico que eu perco tudo. Respondi na lata que era assim só pra quem analisa trivialmente, que se for se deter mais profundamente no fenômeno eu ganho muito, logo, perco muito – é a famigerada lei da compensação.

Anteontem, eu perdi minha câmera de filmar. Isso pode parecer pouco para algumas pessoas, além de ser algo que eu tinha ganhado e não comprado com o meu suor, mas foi tão dura a história que estou catatônico até agora. Se for ler o acontecido na chave afro-religiosa só posso crer que foi mandinga (e da braba!). O enredo da farsa é digna de um teatro do absurdo, tô esperando godot até agora me explicar o que aconteceu.

Me desculpem o leitores ocupados, esse texto é só uma forma catártica-terapêutica de tentar salvar o meu drama, um processo alquímico de transformar tragédia em comédia, uma pitada de filosofia da vulgaridade para deixar a vida um pouco menos amarga. Me agradeçam os leitores desocupados, toma-te aí uma boa dose de sub-machadismo.

Devo admitir que finjo não me importar com as separações e ao mesmo tempo finjo que me importo totalmente com as separações. A verdade é que eu me importo completamente, e não me importo com toda a minha força. O interessante é o foi – e o ainda bem. O interessante foi o é. Sim, o interessante foi, não é mais. Aff; ufa. Enfim...

Só sei que bradei, braços estendidos, olhos no alto, o clichê das paixões: Por que me abandonastes?

Ou fui eu que te abandonei!? Meu Deus!

Que relação é essa com as ferramentas? É lógica? É sentimental, emocional? Da bola à bicicleta, do skate ao vídeo-game, do dvd ao computador, do violão à câmera... instrumentos de brincar de expressar-se. Instrumentos de comunhão. Como nos deixam? Ou como deixamos eles? Nós que por momentos somos um!

Mas enfim... apesar de nada ser substituível, tudo é substituível. A gente aprende dos que já viveram que tudo passa, e descobrimos que é verdade: tudo passa. Sim, tudo passa, mas nada passa.

Ao menos da minha relação com a Sony Mini-dv DCR-HC52 ficam gravadas memórias que não vão se desbotar com o tempo. Os tais momentos de eternidade poderei rever – partindo do pressuposto que o meu computador não vai me abandonar e as mídias não vão se esconder.

Este filme (ainda sem título), que está terminando seu processo de filmagem, será dedicado a você meu bem - pois sem você ele não existiria. Esteja onde estiver saiba que é com honras que enterro a sua presença, e com lágrimas nos olhos. Lutaste bravamente, sempre!

Adeus.

p.s:Este texto é dedicado ao Eliphas Lévi, ao Catatau e ao biscoito da sorte, que disse sem creditar: “um sentimento expresso de forma autêntica e pura: poderosa influência oculta”.

Mateos.

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