quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

tudo no tudo (a implosão)

“Cê me viu por aí? É que eu to tentando me achar...” (Lucas Gouveia)

Paul Thomas Anderson, em Embriagado de amor, se coloca enquanto desafio estético, vários obstáculos. Entre eles, porém, acredito que os mais importantes são: a fotogenia e a música.

Logo, sua matéria-prima vem daquilo de inefável.

O termo “fotogenia” passou por vários significados em sua caminhada histórica. Em 1851, nos primórdios da fotografia, ele surge para designar os objetos que se impressionavam na placa fotográfica; aqueles que a luz refletia suficientemente para a sua eternização eram os chamados objetos “fotogênicos”. Depois surgem emulsões cada vez mais sensíveis e tranquilas do tal processo e o termo ganha outro sentido, que é o que conhecemos hoje no dia-a-dia. Quando falamos que uma pessoa é fotogênica queremos dizer que ela sai bem na foto, que é valorizada por ela.

Na vanguarda dos anos 30, na França, Louis Delluc se apropria da palavra para trabalhar um sentido de fotogenia mais místico, e que pretende estabelecer o estatuto do cinema enquanto arte, ou no mínimo enquanto fenômeno nada desinteressante. O elogio a esse “grande mistério de um aumento sensorial e sensível da realidade através de sua filmagem” tinha o interesse de colocar a questão do ato fílmico diretamente relacionada com uma possibilidade de adentrar o real através das aparências, ou como alguns contemporâneos costumavam designar, o surreal. Não seria algo inerente ao cinema tal fenômeno, impreterivelmente dependeria do olho humano que conduzisse o mecânico. Certas técnicas como a desaceleração, o primeiro plano, e, principalmente, o gosto por certas iluminações eram rituais de aproximação destes fenômenos ocultos da realidade.


Do primeiro ao último plano é esta preocupação que estabelece a principal linha estética de condução dessa narrativa cinematográfica. Segue perpendicular a esta reta a banda sonora. A harmonia é o principal tema desta obra de arte.

Para a harmonia existir e a música da luz acontecer são necessários a melodia e o ritmo. A melodia vem em diálogos, olhares, gestos, signos; o ritmo vem em movimentos de câmera, coreografias de corpos e objetos, movimentos de iluminação captados pela lente, corte.

Para a música existir e a harmonia da luz acontecer são necessárias a cor e o timbre. A cor matiza o sentimento: fria e triste (azul =“blue”), quente e forte (vermelho); o timbre pontua o sentimento: pesado e angustiante (como um batuque frenético), suave e aliviante (como violinos se harmonizando).

“A música é a arte dos sons em movimento”. “O cinema é a arte das imagens em movimento”. “O ritmo é a organização do movimento por meio de subdivisões de tempo e acentos”. “A peça cinematográfica conta-nos uma história humana ultrapassando as formas do mundo exterior – a saber, espaço, tempo e causalidade – e ajustando os acontecimentos às formas do mundo interior – a saber, atenção, memória, imaginação e emoção... Estes acontecimentos alcançam isolamento total do mundo prático através da perfeita unidade de enredo e forma pictórica.”

O cinema enquanto máquina produz um tempo, o espectador enquanto pensamento o compreende porque sonha. O amor enquanto sentimento é produto cultural, o amante apenas ama. A razão enquanto chave de leitura uma liberdade, prisão. A música e a fotogenia não traduzindo, sendo. ‘Estranho’ é novo, novo vale? O que vale? O morador de rua questionado acerca do que é arte disse que “tudo pra quem gosta é bom né?”

“To cansado desses textos idiotas!” E de escrever frases que só o Ícaro vai entender. “Tudo é movimento Dermond”, começo a me sentir estrangeiro nessa blogosfera.unrrailixi nessa internet. vou passar temporada na caverna, descobrir outras ferramentas.

Mateos.

Um comentário:

  1. para frase que quer parar,
    vai mesmo pra caverna
    ?
    alguns nessa esfera , ness-a_ferramenta enferrujada por tão mau'so ,
    -o que não é o caso.
    entendem que tudo é movimento
    inclusive quando há pausa
    já que vai passar uma temporada por lá
    vê que as texturas das paredes são densas
    e que o chão e o teto são suaves
    boa ida, volte quando der, mesmo que seja só pra um grito, ou um canto
    gostei do texto, me emociono tanto com o filme, sinto-me planado nas miragens de luz existente nele, , ,

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