[The Krimsom Kimono, 1959]
Set-piece number one: a sequência começa com a mocinha linda a folhear fotos, na parede o retrato dos velhos amigos de guerra. Montagem paralela: enquanto ela e o homem delicado durão japonês se apaixonam, o homem durão delicado americano trabalha duro e só numa batida policial em busca da resolução do crime, que aqui - contrabandisticamente - Fuller transforma em sub-trama do filme policial que na verdade é filme de amor. Enquanto ela pega no pau do boneco de kendô e delicadamente troca impressões sobre arte enquanto é envolvida pela melodia das notas pianíssimas e pelos finos olhos do "japa", o "cop" perde a batida por segundos... e a mulher e o amigo para sempre. Todo o cinema de Fuller transpira delicadeza, mas é na mise-en-scène, no diálogo, na luz, no áudio, na decupagem e nos movimentos de câmera dessa magnífica sequência que um dos ápices de seu estilo é atingido, e o milagre, naturalmente, é pintado em um bloco perfeitamente harmônico de imagem/som.
Set-piece number two: a sequência da luta de kendô. Na preparação, o caucasiano veste sua armadura como lhe ensinou o melhor amigo japonês. Na luta, o complexo do racismo a priori introjetado ocasionam na violência do oriental; e toda a tradição de luta honrada é dinamitada pela aflição de um homem inseguro acerca da aceitação de sua identidade étnica. A sequência que segue vem da fusão do rosto amarelo encapusado seguindo o rosto branco suado e inconsciente. O corpo inquieto do primeiro caminha de lado a outro, projetando no corpo quieto do segundo a sombra de sua angústia. Ele acorda, o derradeiro diálogo é consumado e a imagem do rosto caucasiano é interpretada pela japonês. Fuller nos entrega o primeiro plano da reação para nossa interpretação. Os mistérios psicológicos são interpretados, nunca revelados.
The End: Durante o Festival Nisei a cultura japonesa sobrepuja, na imagem, a americana. A beleza nipônica triunfa. Em enquadramento e beijo final.
Plus: "Love is like a battlefield. Somebody has to get a bloody nose." - nos ensina a velha loba do mar, personagem recorrente nos filmes de Sam, sempre a soltar pérolas de sabedoria.
Mateus Moura (03/05/10)
domingo, 2 de maio de 2010
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