Sempre pra escrever de teatro eu penso 2 vezes, não conheço muito da História da Crítica ou mesmo da História do Teatro. Mas decidi pelo menos registrar minha admiração pelo musical (musical!) que assisti na semana passada no Teatro Cláudio Barradas.
Esse blog pode parecer meio machista às vezes, e às vezes realmente o é, mas que fique registrada a minha admiração pelos gays, no campo da arte principalmente, mas também em todos os outros campos. Tem uns viados que são fodas.
O Dirty Harry falava que ele não tinha preconceito: ele odiava todo mundo... ensinou o meu caminho da libertação: Eu, escorpião por excelência, desconfio de todo mundo, sem exceção. Outro dia, de frase em frase, chegou-se no dito, que em breve será popular, de que “toda relação é bissexual”. Duvido alguém discordar – é fato: todo mundo é masculino e feminino.
O OPERA PROFANO só não deve ter os arranjadores musicais de homossexuais – entretanto sabemos que a música é a mais feminina das artes, e como o Ramon Rivera e o Armando Mendonça fizeram uns arranjos geniais, temos certeza que este lado é realmente aflorado neles, são uns verdadeiros sereios.
Não me entendam mal os aponta-dedos da sociedade, não to mal-falando ninguém, pelo contrário, to tentando apenas estabelecer o lugar cínico da arte na guerra dos sexos. A peça é um coração gay (paraense) que transpira e discute sua condição, mas o que me interessa é como isso é afirmado esteticamente.
Quem tentar procurar defeito no OPERA é um enrustido! Um diamante é lapidado a cada ensaio. Diamante concebido por Carlos Correia, dirigido e musicado por Haroldo e Guál, arranjado por Ramon e Armando, cenografado por Nelson Borges, iluminado por Sônia Lopes e encenado por um grupo de atores iluminados.
To falando de inteligência de construção, sensibilidade poética, trabalho coletivo – é quase como o Círio: profano, sagrado, erótico, sublime, vulgar, belo, pesado, leve, tradicional, revolucionário, poderoso, suave - tudo ao mesmo tempo na hora: É uma opera!
Atmosferas.
As cenas cômicas são extremamente bem colocadas (corajosas). Mas foram as dramáticas que me marcaram: o estupro das sombras foi uma das coisas mais lindas que eu já vi, e a mise-en-scène do imenso bloco final me fez levantar da cadeira de tão esplendorosa: o quadro de Baby – o profano ser – nos braços – como Pietá – da escória; a santa com foco de luz próprio em primeiro plano, a entrada da Trindade, o ritual de benção; o que tenho a dizer é uma só palavra: Conseguiram: OPERA PROFANUM.
No epílogo: a navalhada.
Se esse espetáculo não rodar o mundo, ele é realmente injusto. Vida longa...
Mateos.
p.s: 25, 26, 27 e 28 de novembro de 2010 vai ter apresentação...
O viado que rouba a santa é fantástico. esqueceste de elogiar a cena dele dançando em vários ritmos..., nessa hora eu abri os dois olhões na cadeira e comecei a espantar a preguiça.
ResponderExcluirPode cre... é um virtuosismo só.. a cena Brigitte Bardot.. quando falei das cenas cômicas e coloquei o "(corajosas)", pensei principalmente nessa, uma digressão absurda no meio do drama e que deu muito certo. O Dario ta sensacional, concordo!
ResponderExcluirAssisti ontem, e recomendo a todos! É uma peça belissíma! Aguça-nos todos os sentidos! Parabéns a toda a equipe!! E em especial ao Guál que conheço pessoalmente! Espetáculo Maravilhoso! Tem que rodar o mundo sim!! Concordo!
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